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Ato pela libertação de Julian Assange reúne entidades e movimentos sociais na ABI. Crédito: Alessandra S. Brites |
No dia 17 de maio, às 18h30, no auditório
Belisário de Souza, 7º andar, da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Rio
de Janeiro, a Campanha pela Libertação de Julian Assange - Brasil realizou um
ato que reuniu movimentos sociais, entidades que apoiam a causa e abriu o
calendário de atividades da nova diretoria da ABI. Entre as diversas questões
que foram mencionadas pelos representantes das instituições presentes estão a
importância do direito à informação, à liberdade de imprensa e à exposição da
verdade sobre o que ocorre nos bastidores dos poderes político e econômico. O
evento iniciou com as falas da mesa formada por Maria Luiza Franco Busse,
diretora de cultura da ABI, Carlos Gustavo Tamm Moreira da Associação Cultural
José Martí do Rio de Janeiro (ACJM-RJ), André de Paula da Federação
Internacional dos Sem Teto (FIST) e Luiz Mário Dias do Movimento Privatizar faz
Mal ao Brasil.
Nas palavras da diretora cultural que
abriu o ato: “a condenação de Assange representa uma ameaça de dimensões
incalculáveis, tanto para nós jornalistas quanto para os cidadãos que presam
pelo direito à informação”. Já Wadih Damous, ex-deputado federal pelo Rio
de Janeiro (PT) e ex-presidente da Ordem dos Advogados no Rio falou da
importância das denúncias realizadas pelo fundador da Wikileaks que expuseram informações
de extrema importância e negadas ao grande público: “Esta campanha pela
liberdade de Assange é algo que se impõe a todos nós. A quem, ao longo dos
tempos, luta pela democratização da informação, que luta por liberdade de
imprensa, por liberdade democrática. Assange prestou um serviço extraordinário
aos povos de todo o mundo. Ele atuou em favor da humanidade. Sabemos o que significa
esta extradição para os EUA: a morte física dele. Lá ele é tido como inimigo. Eu
repito aqui o que disse o presidente Lula: Assange é o herói dos nossos tempos”.
Carlos Gustavo Tamm Moreira (ACJM-RJ)
salientou que esta luta deve ser de todos os cidadãos honestos do mundo em
defesa de direitos fundamentais. “Este episódio representa de forma
cristalina a hipocrisia do império estadunidense que costuma se vender como a
pátria da liberdade, dos direitos, da democracia, mas na verdade não respeita o
direito nem do seu povo, nem dos outros povos do mundo”. Segundo ele, o Movimento
de Solidariedade à Cuba apresenta similaridades com a causa de Assange, pois ambos
são adeptos da luta contra a imposição de leis imperiais extraterritoriais.
Para André de Paula (FIST), Assange é um
herói internacionalista que revelou de maneira escancarada a ditadura do
império e que democratizou a informação. “Nós que fomos prisioneiros
políticos, tivemos uma pequena demonstração da perversidade humana, mas a que
atinge Assange é algo imensurável, uma tortura contínua”. Segundo ele,
lutar pela libertação do ativista é atuar em favor da própria libertação do
Brasil do Bolsonarismo e de seus seguidores no judiciário e outros segmentos
sociais. Luiz Mário Dias do Movimento “Privatizar faz Mal ao Brasil”, que atua
pela defesa da Petrobrás como empresa Estatal, lembrou a espionagem dos EUA
sobre a ex-presidente Dilma e a própria Petrobras. “Se a Dilma foi espionada,
assim como a Petrobrás, e isso está nos documentos que Assange divulgou, por
que devemos pagar qualquer coisa a quem nos roubou?”. Em sua fala, ele
ainda salientou a necessidade de reconquistar todo o patrimônio nacional
privatizado.
Na ocasião, o deputado federal pelo Rio de
Janeiro (PDT) Paulo Ramos, através de vídeo enviado, fez questão de salientar
que: “Muitos dizem que imprensa livre é um dos sustentáculos da democracia.
Se falam realmente isso, é preciso ser engajado na luta pela libertação de Assange
e pela sua contribuição ao jornalismo investigativo”. O ato ainda contou
com uma contribuição do Grupo Tortura Nunca Mais que enviou um texto com extensa
biografia do jornalista. Em 2014, o Grupo concedeu a medalha Chico Mendes ao
Assange. Saiba mais sobre a trajetória do ativista aqui. Eliete Ferrer, da Casa da América Latina (CAL), também
participou do ato lendo a carta escrita por Anita Prestes.
Nesta manifestação, a professora da UFRJ
relembra a luta de seus pais Luiz Carlos Preste e Olga Benário contra o nazifascismo
e recordou que foi salva pela solidariedade internacional. Anita Leocadia Prestes nasceu em 27 de
novembro de 1936 na prisão de mulheres de Barnimstrasse, em Berlim, na Alemanha
nazista. “Foram a força e a pressão exercidas por esse movimento de
solidariedade que garantiram minha libertação. Eis a razão por que me considero
filha da solidariedade internacional. A solidariedade internacional tem o dever
de salvar agora a vida de Julian Assange”, recorda a filha de Prestes. Para
ler a carta de Anita na íntegra clique aqui.
Lícia Hauer da Associação Cultural José Martí do Rio
de Janeiro leu aos presentes o primeiro rascunho da campanha. “...A
liberdade do ser humano passa pelo direito ao conhecimento e à informação, na
construção de um caminho para um mundo melhor. Ao participar desta campanha
pela libertação de Julian Assange estamos defendendo, enfim, a nossa própria
liberdade”. Para ler o texto final do manifesto assinado por entidades,
movimentos sociais e jornalistas, clique aqui.
Outros representantes de instituições que abraçam
a causa aproveitaram o momento para apoiar o jornalista e relacionar a luta
dele a outras promovidas ao redor do mundo. O presidente do Sindicato dos
Jornalistas do Município do Rio de Janeiro (SJMRJ) Washington Machado salientou
a importância da causa defendida por Assange a todas as frentes de libertação,
em especial a luta anticolonial do Saara Ocidental. Maristela Pinheiro do Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino (CSPP) enfatizou que o ativista da Wikileaks denunciou e alertou
sobre os crimes de guerra na palestina. Claudio Maratona da FIST apontou para a
situação brasileira, hoje bastante vigiada e controlada por Washington. Segundo
ele, é preciso instigar o povo para a luta e libertação do Brasil do império
estadunidense.
Na mesma linha de Maratona, Raul Pedreira da
Unidade Popular (UP) disse que a Organização do Tratado do Atlântico Norte e seus aliados realizam massacres a povos em
nome da defesa da liberdade, mas apenas estão atuando em prol dos interesses do
grande capital. De acordo com ele, Assange está sendo perseguido pelo chamado
Lawfare do ocidente justamente por denunciar as reais intenções das grandes
potências nestas guerras. Felipe Annunziata, representando o Mandato Glauber
Braga, afirmou que o ativista trouxe esperança aos povos e à luta pelo fim da
opressão, já que suas denúncias impulsionaram diversas organizações políticas e
sociais a combaterem o fascismo, possibilitando o avanço das lutas populares.
Ele ainda lembrou que a grande mídia não pode mais negar os crimes cometidos pelos
EUA e seus aliados após os documentos secretos vazados por Assange. Ele ainda enfatizou
o comprometimento de Glauber Braga com todas as lutas sociais, a importância de
derrotar o Bolsonarismo nas urnas e eleger um governo popular que lute pela
libertação e pela causa de Assange.
Guilherme Carneiro Leão do Centro Cultural Antônio Carlos de Carvalho (CeCAC) afirmou que há sim
nazistas na Ucrânia ainda que a grande mídia negue. Ele conclamou a todas as
forças populares a juntas propagarem a campanha em prol de Assange, no intuito
de acabar com a censura imposta a muitos jornalistas, inúmeras vezes impedidos
de revelar verdades inconvenientes para governos e outros grupos poderosos.
Alessandra Scangarelli Brites
Jornalista (PUCRS), editora-chefe da
Revista Intertelas, especialista em política Internacional (PUCRS) e mestre em
estudos estratégicos internacionais (UFRGS)
Fotos do Ato
Assista ao vídeo do deputado federal pelo Rio de Janeiro (PDT) Paulo Ramos, enviado especialmente para o Ato
Assista a alguns momentos do Ato pela Libertação de Julian Assange no vídeo abaixo
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