Grupo Tortura Nunca Mais: Biografia de Julian Assange - Medalha Chico Mendes de Resistência de 2014
Julian Assange. Crédito: Lewis Whyld/DPA |
Fundador, editor e porta-voz do site WikiLeaks, o
jornalista, programador e ativista da internet Paul Julian Assange
nasceu na cidade de Townsville, na Austrália, em 1971. Como seus pais eram
donos de uma companhia de teatro itinerante, Assange viajou por toda a
Austrália durante sua infância e adolescência. Contou: “Eu gastava o máximo de
tempo que podia em bibliotecas indo de um assunto a outro, lendo atentamente
todos os livros que eu achava em citações”.
Aos 16 anos, Assange tornou-se membro de um grupo
de hackers internacionais – os International Subversives (Subversivos
Internacionais), o que levou a Polícia Federal Australiana a invadir sua casa,
na cidade de Melbourne, em 1991, acusando-o de invadir computadores de várias
organizações. Assange declarou-se culpado das 24 acusações que lhe foram
atribuídas, e foi libertado por bom comportamento após pagamento de multa.
Trabalhou em universidades e empresas na detecção de falhas de segurança em
computadores. Em 1989, nasceu seu filho Daniel Assange.
Estudou matemática e física na Universidade de
Melbourne até 2006, ano em que participou da fundação do WikiLeaks, site que
publica documentos com denúncias e vazamento de informações. Sua participação
no WikiLeaks lhe rendeu reconhecimento e, consequentemente, os seguintes
prêmios: 2008 – Index on Censorship – pelo The Economist, por
promover a liberdade de expressão. 2009 – Amnesty International UK Media
Awards – pela Anistia Internacional, por ter exporto ao mundo os
assassinatos no Quênia. 2010 – Sam Adams Award – pela Sam Adams
Associates for Integrity in Intelligence, associação de funcionários
aposentados da CIA, pela integridade e ética de suas ações.
Assange foi considerado uma das 50 figuras mais
influentes de 2010, segundo a revista britânica New Statesman. Algumas
comunidades da internet indicaram Assange para o Prêmio Nobel da Paz em 2011,
por ter fundado o WikiLeaks. Por outro lado, as denúncias e documentos
publicados no WikiLeaks, sobretudo as que têm relação com o governo americano e
a Guerra do Afeganistão, desencadearam ações de retaliação de vários governos
do mundo contra ele.
Em 2010, foi acusado, na Suécia, de estupro e
assédio sexual. Foram expedidos dois mandados de prisão, retirados poucos dias
depois. O mesmo processo foi reaberto, e em novembro e a justiça sueca acionou
a Interpol pedindo sua extradição.
Em novembro, dois dias após a publicação de 250
mil documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado Norte
Americano, a Interpol distribuiu aos 188 países associados a chamada
“notificação vermelha”, que significa alta prioridade para a localização,
prisão e extradição de Assange. Em 2010, Assange se apresentou para a Polícia
Metropolitana de Londres, e negou as acusações de estupro e assédio sexual.
Ficou em liberdade condicional, após pagar fiança.
Após a Suprema Corte da Inglaterra decidir pela
extradição de Assange para a Suécia para responder pelas acusações de estupro,
Assange se dirigiu para a embaixada do Equador em Londres, onde pediu asilo
diplomático.
O governo do Equador concedeu o asilo, temendo
pelos direitos humanos e o direito de um julgamento justo para Assange. Assange
passou então a residir na embaixada, com policiais londrinos à porta, prontos
para prendê-lo caso ele saísse.
Em 2014, o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ ao tomar
conhecimento de toda a sua trajetória de resistência, escolheu seu nome para
ser um dos homenageados da Medalha Chico Mendes de Resistência daquele ano.
Julian Assange morou na embaixada por 7 anos, mas
em 2018, o governo equatoriano impôs uma série de restrições a sua estadia na
embaixada, alegando que Assange estaria violando os termos de seu asilo. E em
2019, o Equador negociou a entrada de agentes britânicos na embaixada para
prender Assange.
Desde então, Assange está na prisão de segurança
máxima de Belmarsh, em Londres. No começo de 2021, a Justiça do Reino Unido
negou um pedido de extradição dos Estados Unidos, alegando que seu estado de
saúde, sobretudo mental, é muito frágil.
Mas em dezembro, em recurso feito pelo governo
estadunidense, o pedido de extradição foi aprovado. Assange agora aguarda a
decisão da ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, que terá que
aprovar, ou não, o pedido de extradição.
Algumas personalidades, sobretudo da política
norte americana, se pronunciaram contra Julian Assange e o WikiLeaks,
acusando-o de “terrorismo”. No entanto, vários políticos e personalidades como
o cineasta americano Michael Moore prestaram solidariedade e demonstraram sua
admiração ao trabalho de Assange.
O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ presta sua homenagem
a este homem de coragem que torna público o que os governos e os políticos
tentam censurar e esconder como ainda hoje faz o Estado brasileiro em relação
ao período da ditadura civil-militar.
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