Julian Assange não deve ser extraditado, Julian Assange deve ser libertado!
Crédito: Peoples Dispatch |
Às autoridades diplomáticas e consulares do Reino Unido e dos Estados Unidos,
Às autoridades legais e políticas responsáveis pelo julgamento de Julian Assange,
Às autoridades legais e políticas responsáveis pelo julgamento de Julian Assange,
A combinação de diferentes crises econômicas, sanitárias, alimentares e ecológicas agravou a crise social enfrentada pelos trabalhadores e trabalhadoras em seus países. A possibilidade de uma saída autoritária para a crise é evidente em muitos países do mundo. Diante das necessidades urgentes do povo - saúde, alimentação, abrigo, segurança - governos autoritários impõem repressão, perseguição e silêncio. Nessas horas críticas para a humanidade, não podemos nos dar ao luxo de ficar em silêncio. Por mais de dez anos, Julian Assange enfrentou uma perseguição implacável porque se recusou a permanecer em silêncio.
Seu trabalho jornalístico descobriu os terríveis abusos dos regimes
políticos que impõem o terror, o genocídio e a destruição para satisfazer seus interesses. Se não
fosse Assange e o WikiLeaks, não teríamos ideia de quantos civis afegãos, iraquianos e
iemenitas foram mortos pelas bombas e drones do império norte-americano, que pensavam
que ao matá-los em terras distantes teriam total impunidade.
Enquanto estes crimes contra a humanidade ficam impunes, Julian Assange sofre uma terrível
punição por ousar expô-los ao mundo.
O processo judicial contra ele é um exemplo do uso
político de instituições estatais contra o interesse geral.
Julian Assange não vê a luz do dia há mais de dez anos, submetido à tortura e ao confinamento
isolado. Como no caso de outros presos políticos, este tratamento procura quebrar sua vontade
e infligir punição exemplar, para que outras vozes também sejam silenciadas. Mas Julian
Assange resiste, apesar das graves consequências para sua saúde mental e psicológica.
Ele
suporta a arbitrariedade e a injustiça com dignidade e rebeldia.
Julian Assange disse ao tribunal que decide sobre sua possível extradição para os EUA: “Não
aceitarei que censurem o testemunho de uma vítima de tortura perante este tribunal”. Há milhões
de nós que não aceitarão que sua voz seja silenciada e não calaremos a nossa própria. Não
estamos dispostos a desviar o olhar dos graves abusos a que ele está sendo submetido.
Aqueles de nós que apoiam esta declaração, se solidarizam com ele e sua família, sua
companheira, seus filhos e seus pais.
Unimos nossas vozes as e os jornalistas de todo o mundo, que sabem que sua profissão se
tornará ainda mais perigosa se Julian Assange for extraditado e que a liberdade de expressão e
a liberdade de imprensa estarão sujeitas a perseguições ainda mais implacáveis.
O fato de Julian Assange estar preso por ter divulgado informações tidas como sigilosas por
parte do governo dos EUA, por si só, já se configura uma afronta à liberdade de imprensa. A sua
extradição é uma forma criminosa de censura que ameaça jornalistas investigativos do mundo
inteiro.
O objetivo é impedir por intermédio do terror a publicação de qualquer informação que
o governo norte-americano queira manter escondida, independentemente da nacionalidade do
autor, local de publicação ou interesse público envolvido na questão. Esta situação também
atinge, de forma indireta, outro princípio do jornalismo que é o sigilo da fonte ao pretender
dissuadir o cidadão, que em nome de valores éticos, resolva entregar à imprensa informações
sobre desmandos ou crimes praticados pelo governo.
Valendo-se de mecanismos pretensamente legais o governo norte americano em sua
perseguição a Julian Assange ataca - à nível mundial e de uma forma inaceitável - os
fundamentos da liberdade de imprensa que, ao lado do direito à opinião, é um dos pilares da
sociedade democrática contemporânea.
Unimos nossas vozes às do povo britânico, que estão indignados com a submissão das
instituições nacionais aos interesses de uma potência estrangeira, em uma aplicação grosseira
de extraterritorialidade, sem respeito ao Estado de Direito.
Unimos nossas vozes as e os ativistas e defensores dos direitos humanos que sabem que
podem ser os próximos a sofrer arbitrariedades, perseguições e torturas de Estados poderosos
que buscam vingança, não justiça.
Unimos nossas vozes as e os juristas de todo o mundo que alertaram sobre graves
irregularidades no processo judicial contra Julian Assange e tememos que o Estado de Direito
seja mortalmente ferido se ele for extraditado.
Mas acima de tudo, unimos nossas vozes às das milhares de vítimas nos países invadidos,
atacados pelas forças militares dos Estados poderosos, de todas as vozes silenciadas pela
brutalidade da guerra, de todas as vítimas de crimes cujos perpetradores, até hoje,
permanecem impunes.
Julian Assange arriscou sua vida e liberdade ao não permanecer em silêncio, ao não aceitar que
estes crimes permanecessem escondidos e impunes. Nestes tempos sombrios para a
humanidade, precisamos da voz de Julian Assange, precisamos de todas as vozes que
denunciam os crimes contra a humanidade.
A perseguição e prisão de Assange não visa apenas silenciar seu trabalho, mas também atacar
todo bom jornalismo e todas e todos aqueles que levantam sua voz para espalhar a verdade
sobre a violência, guerras e tentativas de dominação por parte dos países imperialistas.
Julian Assange não deve ser extraditado, Julian Assange deve ser libertado!
São Paulo, 22 de junho de 2022
Assinam:
1. ALBA Movimentos – Capítulo Brasil
2. Articulação de Povos Indígenas do Brasil – APIB
3. Assembleia Internacional dos Povos - AIP
4. Associação Bahiana de Radiodifusão Comunitária
5. Associação Brasileira de Imprensa - ABI
6. Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD
7. Associação Cultural José Martí da Bahia - ACJM/BA
8. Associação Cultural José Martí do Piauí - ACJM/PI
9. Associação Cultural José Martí do Rio de Janeiro – ACJMRJ
1
10. Associação de Artesanato da Comunidade Maloca do Fórum Metropolitano de EPS da RMBH
11. Associação dos Servidores do Ministério Público do Trabalho e Ministério Público Militar -
ASEMPT
12. Associação Juízes para a Democracia - AJD
13. Associação Nacional de Pós-Graduandos – ANPG
14. Associação Nacional dos Empregados da Dataprev
15. Associação Profissão Jornalista - APJor
16. Casa da Amizade Brasil Cuba do Ceará
17. Central de Movimentos Populares – CMP
18. Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB
19. Central Única dos Trabalhadores – CUT
20. Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz – CEBRAPAZ
21. Centro Cultural Manoel Lisboa de Pernambuco - CCML
22. Coletivo Alencar Santana
23. Coletivo PernambuCripto
24. Collectif Alerte France Brésil / MD18
25. Comissão Pastoral da Terra – CPT
26. Comitê da Bahia Pela Democratização da Comunicação
27. Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro
28. Confederação Nacional de Metalúrgicos – CNM
29. Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE
30. Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP
31. Conselho de Comunicação e Políticas Públicas - COMPOP
32. Consulta Popular
33. Coordenação de Nacional de Entidades Negras – CONEN
34. Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ
35. Esquerda Marxista
36. Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS – FTMS
37. Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ
38. Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia Água e Meio Ambiente - FENATEMA
39. Federação Única dos Petroleiros – FUP
40. Frente Internacionalista dos Sem Teto - FIST
41. Instituto Presidente João Goulart
42. Intersindical - Central da Classe Trabalhadora
43. Jubileu Sul
44. Levante Popular da Juventude
45. Marcha Mundial de Mulheres - MMM
46. Movimento Brasil Popular
47. Movimento Cabano em Apoio às Lutas pela Autodeterminação dos Povos - MOCAP
48. Movimento Camponês Popular – MCP
49. Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
50. Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos – MTD
51. Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
52. Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
53. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra - MST
54. Movimento em Defesa da Economia Nacional - MODECON
55. Movimento Negro Unificado de Pernambuco
56. Movimento Pela Soberania Popular na Mineração – MAM
57. Observatório da Violência Policial e Direitos Humanos - OVP-DH
58. Partido Comunista Brasileiro - PCB
59. Pastoral da Juventude Rural - PJR
60. Privatizar Faz Mal ao Brasil - Reage Brasileiro
61. Rede de Médicos e Médicas Populares – RDMP
62. Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais
63. Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
64. Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
65. Sindicato dos Trabalhadores de Água, Esgoto e Meio Ambiente – SINTAEMA
66. Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério Público da União/Seção SP - SindMPU-SP
67. Sociedade Civil Acauan
68.União Brasileira de Estudantes Secundaristas - UBES
69.União Brasileira de Mulheres – UBM
70.União da Juventude Comunista - UJC
71.União da Juventude Socialista – UJS
72.União dos Movimentos de Moradia – UMM
73.União Nacional dos Estudantes – UNE
Documento redigido por Asamblea Nacional de los Pueblos (ALBA - Movimientos)
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