MANIFESTAÇÃO
NO RIO PEDE LIBERDADE PARA JULIAN ASSANGE
Corte
britânica julga se jornalista será extraditado para os EUA
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
No dia em que se inicia mais
um capítulo judicial no Reino Unido envolvendo o futuro do jornalista
australiano Julian Assange, manifestantes se reuniram no Rio de Janeiro
para pedir pela sua liberdade. O grupo se concentrou a partir de 17h em
frente ao Consulado Geral Britânico, na Praia do Flamengo, na zona sul da
capital fluminense. Outros atos também foram convocados para a tarde desta
terça-feira (20), em São Paulo, Porto Alegre e Curitiba.
Julian Assange é fundador da
plataforma WikiLeaks, que se tornou conhecida mundialmente em 2010 quando
publicou diversos documentos sigilosos do governo dos Estado Unidos. Entre eles
estavam registros secretos do exército do país, inclusive sobre violações de
direitos humanos nas guerras do Afeganistão, iniciada em 2001, e do Iraque, em
2003. O conteúdo atraiu o interesse de veículos da mídia tradicional de
diversas nações e gerou grande repercussão mundial. Desde então, Assange se
tornou alvo de investigações criminais nos Estados Unidos.
Nos anos seguintes, a
divulgação de outros documentos manteve o WikiLeaks em evidência. Em 2015, por
exemplo, novas publicações revelaram que a então presidenta brasileira Dilma
Rousseff e outros componentes de seu governo foram alvos de espionagem pelos
Estados Unidos.
Assange passou um período na Suécia, onde chegou a ser alvo de uma acusação por estupro, posteriormente arquivada. Mas em decorrência desse processo, ele foi preso em Londres. No entanto, conseguiu obter liberdade condicional e buscou abrigo na embaixada do Equador, situada na capital inglesa. Lá ficou por quase sete anos. Ele recebeu asilo diplomático do governo equatoriano, mas a condição foi revogada após mudanças no comando do país latino-americano. O então presidente Lenin Moreno chegou a classifica-lo como "terrorista cibernético". Sua decisão, tomada em 2018, abriu a brecha para sua prisão pela polícia inglesa em 2019. Desde então, ele encontra-se sob custódia em uma unidade de segurança máxima.
Manifestantes pedem a liberdade de Julian Assange, fundador do Wikileaks - Fernando Frazão/Agência Brasil
Em 2022, o Reino Unido aprovou a extradição de Assange para os Estados Unidos, onde ele foi acusado com base na Lei de Espionagem, que foi promulgada há mais de cem anos para condenar espiões e traidores da pátria durante a Primeira Guerra Mundial. A pena pode chegar a 175 anos de prisão. Organizações internacionais de direitos humanos, críticas do processo, alegam que seria o primeiro caso de um jornalista denunciado com base nesse dispositivo.Desde que foi aprovada a
extradição, Assange vem recorrendo. Nesta terça-feira (20), a Suprema Corte do
Reino Unido analisa novo pedido da defesa. O julgamento se estende até
esta quarta-feira (21). Uma decisão desfavorável pode esgotar no país as
suas chances para impedir a extradição. Ele ainda pode obter sucesso no
Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
Atos em apoio ao jornalista
foram marcados em diversos países. No Brasil, as manifestações foram convocadas
por diferentes entidades e movimentos sociais, através de suas redes sociais e
de seus sites. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que integra a
mobilização, considera que a prisão do jornalista configura um ataque à
liberdade de imprensa.
"Se Assange for
extraditado, se abrirá perigoso precedente legal. Qualquer pessoa poderá ser
extraditada: jornalista, editor, denunciante, qualquer um, pois, nem mesmo a
defesa do interesse público estará assegurada em um julgamento de
espionagem. Na prática, o que está em julgamento é o direito de imprensa, de
informação e de dissenso em nível internacional", registra nota divulgada
no site da entidade.
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