Julian Assange conquista liberdade através de acordo com governo dos EUA
Depois de 14 anos de perseguição desumana está difícil acreditar que está chegando ao fim.
É preciso atenção de todos que participam, participaram ou esteve pensando em participar da Campanha pela libertação de Julian Assange.
O que se sabe pela imprensa até o momento é que algum acordo estava sendo costurado e que exige que Assange se declare culpado de espionagem.
Todo o caso que corre há anos nas cortes de justiça se fundamenta no fato de que as atividades do WikiLeaks são puro jornalismo e a perseguição feita contra ele fere os direitos fundamentais de liberdade de expressão e direito à informação. E isso é fato.
Então, uma admissão de culpa (para escapar de um destino pior que a morte) é no mínimo esquisito, por vários motivos.
1.) Esse acordo é uma derrota para o Jornalismo?
Assange deverá admitir culpa em quais ações? Isso colocaria sob risco as atividades do WikiLeaks? Isso abre as portas para novas acusações? Isso abre portas para acusações contra outras pessoas?
Improvável que Assange tenha feito algum acordo que coloque em mais risco o Jornalismo. E não sabemos os detalhes, ou a veracidade deste acordo. O que for colocado para a imprensa pode ser mais uma armadilha para tentar esfriar a campanha popular que cresceu muito nos últimos anos.
• Detalhe: até o momento não há sequer um vídeo em que Stella Assange apareça explicando mesmo que sem detalhes a natureza deste acordo. É provável que os detalhes do acordo fiquem em sigilo e aí a imprensa corporativa alimente por anos o público com todo tipo de mentiras.
2.) O valor de um acordo dos EUA:
Como já foi provado em corte britânica, os acordos dos EUA não valem a tinta em que são escritos. Há diversos casos em que acordos com a promotoria americana foram desrespeitados assim que o extraditado é colocado em solo dos EUA (no caso, Assange foi levado para as Ilhas Marianas com promessa de retorno à Austrália). Ou seja, segundo a imprensa, ele abandonou a luta em corte máxima de apelação no Reino Unido (onde todos os juízes estão comprovadamente no bolso do complexo industrial militar dos EUA-Reino Unido) para aceitar um acordo onde ele sairia livre, contanto que ele admitisse culpa.
3.) Quais as garantias de que Assange não será acusado por divulgar outros documentos que comprovam os crimes dos EUA?
É bom lembrar que não falta material vazado pelo WikiLeaks sobre os crimes dos EUA que podem servir de material para novos processos, desta vez em nova jurisdição, na Austrália (onde Assange deverá ir se o acordo for respeitado pelos EUA) ou Ilhas Marianas (território dos EUA para onde Assange foi levado).
As acusações que fundamentam o processo de extradição se referem apenas aos documentos divulgados entre 2010-2011, os vazamentos de soldado Manning: vídeo “Collateral Murder”, Diários de Guerra do Afeganistão e Iraque, Manuais de Tortura de Abu Ghraib e Guantánamo.
Há muito mais documentos comprometedores divulgados pelo WikiLeaks, como aqueles que provocaram a precipitação furiosa do alto escalão da CIA: o arsenal tecnológico de espionagem da CIA não faz parte deste processo de extradição.
Há certamente muito mais razões para apreensão, mas fiquemos por aqui.
O importante é mantermos a atenção e o senso crítico.
Um caso de perseguição tão terrível como esse não se esgota num dia.
Julian Assange merece nossa atenção e cuidado.
Pedimos a todos que continuem a manter o nome Assange em voga.
Desde já agradecemos a todos o apoio dado por tantos anos.
Campanha Pela Libertação de Julian Assange
Comentários
Postar um comentário