À ASSANGE, MUITOS ANOS DE VIDA, LIVRE
À Assange, muitos anos de vida, livre
Por Maria Luiza Franco Busse - Jornalista e diretora de Cultura da ABI
Julien Assange completa hoje, dia 3 de julho, 51 anos de vida e 12 de perseguição político-midiática e tortura emocional e psicológica, que afetaram e seguem comprometendo seu bem-estar físico e orgânico. O jornalista e ativista digital, pacifista e democrata, está condenado a 175 anos de prisão pelas leis dos Estados Unidos por revelar a verdade sobre a atuação imperialista bélica desse país no Iraque e no Afeganistão a partir de 2001.
Assange é o primeiro Prisioneiro de Transparência do século XXI. Sua prisão é a explicitação da luta contemporânea entre “invisibilidade totalitária” e “visibilidade democrática” como denunciou em artigo o professor de Comunicação e Semiótica da PUC de São Paulo, Eugênio Trivinho.
Em 2010, de posse de 400 mil documentos oficiais sobre a ofensiva contra o Iraque, que matou 109 mil pessoas, dentre das quais 66 mil civis, no período entre 2003 e 2011, o fundador do site Wikileaks passou a vazar e compartilhar os papéis fornecidos pelo então militar analista de inteligência do Exército estadunidense Bradley Manning , a hoje ativista transexual Chelsea Manning, o que permitiu desmentir a justificativa de que o ataque era para conter a produção de armamento nuclear pelo país árabe.
Após sete anos de exílio na embaixada do Equador, na Inglaterra, Assange teve, em 2019, a cidadania equatoriana revogada pelo golpista e então presidente Lenin Moreno, que o entregou à polícia metropolitana londrina. Desde então, Assange está sob custódia da Scotland Yard, na prisão masculina de segurança máxima de Belmarsh, em Thamesmead, sudeste de Londres, onde ainda se encontra recorrendo à extradição já autorizada para os Estados Unidos.
A deportação seria uma profunda e perigosa ferida no princípio do ofício do jornalismo, que é desvendar mentiras que pretendem se afirmar e eternizar como verdade. Um flanco de difícil resistência para a liberdade de imprensa, para o exercício responsável da profissão e o consequente direito da sociedade de ser informada sobre assuntos que dizem respeito direto às suas vidas e cotidiano. Segundo Trivinho, o encarceramento “por atos de desvelamento de informações ocultas, subordina-se ao (ou mantém afinidade com o) prisioneiro de consciência. Ambos, por sua vez, enquadram-se no de preso político”. Assange condenado efetiva a figura do “preso político típico da cibercultura, a civilização cujo desenvolvimento social depende da utilização de tecnologias digitais e redes interativas em todos os setores”, adverte o professor, lembrando que a expressão Prisioneiros de Consciência foi cunhada em 1961 pelo advogado inglês Peter Benenson que defendia perseguidos por atividades pacifistas.
Nesta data de hoje, tão cara ao Assange, à sua família, aos amigos, e ao direito das jornalistas e dos jornalistas trabalharem com a liberdade ética de informar a verdade, ativistas de todo o mundo estão unidos na campanha #FreeAssangeNow.
O ex-presidente Lula também está engajado e, junto com os prêmios Nobel Mairead Maguire e Adolfo Perez Esquivel, indicou Assange ao prêmio Václav Havel do Conselho da Europa. Lula justificou dizendo: “Nós, que estamos aqui falando de democracia, precisamos perguntar: 'que crime o Assange cometeu?’ É o crime de falar a verdade, mostrar que os EUA, por meio de seu departamento de investigação, sei lá se da CIA, estava grampeando muitos países do mundo, inclusive a presidenta Dilma Rousseff".
Desde 1949, o Conselho da Europa, com sede em Estrasburgo, França, premia defensores dos direitos humanos, da democracia e do Estado de direito. O vencedor será conhecido em outubro e receberá 60 mil euros, troféu e diploma. A propósito, é oportuno lembrar que quando teve início a perseguição a Assange, o então ainda primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, declarou que “a prisão de Assange é contra a democracia que alguns países se ‘orgulham’ de ter”.
#FreeAssangeNow
#FreeAssangeNow
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